EXPANSÃO DO RENOVAMENTO CARISMÁTICO

Terminado o retiro de Duquesne, os professores e os estudantes voltaram às suas casas e à universidade e começaram a testemunhar o que lhes tinha sucedido. A notícia foi divulgada por cartas, chamadas telefónicas e contactos pessoais. O seu testemunho era contagioso. Alguns uniram-se a eles e também tiveram a efusão do Espírito; outros pensaram que aquilo não tinha pés nem cabeça. Mas aquela primeira graça continuou. Um dos professores que dirigiu o encontro de Duquesne escreveu a um amigo: “Não preciso de crer no Pentecostes; eu vi-o”.

Nas semanas que se seguiram, os acontecimentos precipitaram-se. A notícia do retiro de Duquesne chegou à Universidade de Notre Dame. Já em meados de Fevereiro de 1967, antes do retiro de Duquesne, R. Keifer tinha passado um fim de semana com os seus companheiros e amigos e tinha-lhes contado as suas primeiras experiências. Depois do retiro de Duquesne voltou a falar com eles de Pittsburg por telefone, para os pôr ao corrente dos últimos acontecimentos e das maravilhas operadas pelo Espírito durante aquele retiro. Falaram longamente sobre o pentecostalismo e puseram todo o tipo de objecções. Mas a fagulha tinha saltado e o fogo estava em marcha.

No sábado, dia 4 de Março de 1967, um grupo de 30 jovens estudantes reuniu-se em casa do casal Kevin e Dorothy Ranaghan. Durante aquela reunião chegou um dos professores de Duquesne e deu testemunho da sua experiência de efusão do Espírito. No domingo dia 5 de Março, à noite, voltaram a reunir-se doze pessoas em casa dos Ghezzi. Em ambos os casos, alguns dos participantes pediram oração e imposição de mãos para receber os dons e os carismas do Espírito Santo e para que as suas vidas fossem transformadas pelo seu poder.

No dia 13 de Março um grupo de umas 20 pessoas reuniu-se em casa de Ray Bullard, pertencente à Associação de homens de negócios do Evangelho Completo, um homem especialista em carismas. Entre os que assistiam estavam os casais Ranaghan e Ghezzi. B. Ray convidou alguns ministros pentecostais a vir naquela tarde a sua casa para o encontro com os católicos. Antes do fim da tarde a maioria dos católicos já rezava em línguas. No dia seguinte, num Fim de semana Antioquia, Bert Ghezzi contava aos seus companheiros o acontecimento carismático do sótão do Colégio Velho da Universidade de Notre Dame. Alguns dias mais tarde, de 7 a 9 de Abril, teve lugar em casa dos Ranaghan aquilo que poderia chamar-se a primeira assembleia carismática de Notre Dame. Também se produziram efeitos surpreendentes: alguns começaram a falar em línguas e o Espírito encheu as suas vidas. As três semanas seguintes foram extraordinárias. Mas a notícia não tinha chegado ao grande público. A experiência carismática permanecia envolta na alegria e na esperança de poucos.

A notícia chegou também à Universidade do Estado de Michigan, em East Lansing. Em Abril de 1967 reuniram-se cerca de 80 pessoas, entre professores e estudantes pertencentes às três universidades. Esta reunião, conhecida com o nome de Michigan State weekend, adquiriu depois um significado histórico, pois foi a primeira reunião geral daquilo que se veio a chamar Renovamento Carismático.

Por causa deste fim de semana e das suas experiências carismáticas, os meios de comunicação começaram a falar oficialmente doneopentecostalismo católico. Foram também dias de padecimento ante algumas interpretações que ridicularizavam o que estava a acontecer.

Assim foram nascendo os primeiros grupos do Renovamento Carismático. Foi como uma reacção em cadeia. As coisas avançavam rápido. No mês de Novembro de 1968, a Conferênca Episcopal dos Estados Unidos pediu à Comissão episcopal da doutrina um parecer oficial sobre o fenómeno neopentecostal católico. Pouco tempo depois, o Renovamento recebia luz verde dos bispos. O caminho estava aberto.

No primeiro encontro nacional, em 1969, congregaram-se uns 500 representantes de grupos carismáticos católicos, que celebraram jornadas de oração. Em 1970 já havia mais de 200 grupos de oração nos Estados Unidos; em 1972 ascendiam a doze mil; em 1973 existiam já uns mil e duzentos grupos e cerca de duzentos mil carismáticos nos Estados Unidos. A partir desse momento, o aumento tem sido espectacular. “O Renovamento conheceu, desde então, uma marcha que podemos qualificar de vertiginosa, até converter-se numa das forças religiosas dos nossos dias. Aquela fagulhazinha começou a espalhar-se por todo o mundo. Ninguém sabe exactamente como foi possível um desdobramento tão rápido e tão extraordinário. Os grupos de oração foram nascendo e desenvolvendo-se sem cessar: de uma cidade à outra, de uma aldeia a outra, de um país a outro. Em alguns anos, o Renovamento propagou-se pelo mundo inteiro. Por toda a parte iam brotando grupos de oração. O Renovamento introduziu-se em todos os estratos sociais e em todas as classes: crianças, jovens e velhos, homens e mulheres, ricos e pobres, sábios e ignorantes, professores e donas de casa, homens de todos os estados e de todas as profissões, de todas as idades e de todas as convicções políticas. O Renovamento introduziu-se nas paróquias, entre os sacerdotes, entre os religiosos e religiosas, nos conventos e mosteiros. O Espírito Santo entrou num plano devastador, como um vendaval ou um tornado. Os homens do Renovamento estavam aí, metidos na vida de cada dia, cada um no seu lugar, cada um com a sua profissão. Vieram desde os pontos mais díspares até ao Renovamento, uniram-se em Jesus e no Espírito, na sua graça e nos seus carismas, no louvor e no testemunho. Muitos ouviam outros falar e acercavam-se de um grupo para ver o que lá se passava”.

O Renovamento Carismático tomou proporções de onda gigantesca. Quantos receberam a efusão do Espírito? Quantos participaram ou participam em grupos de oração? Quantos grupos há no mundo inteiro? A quantos chegou ou foi infundido o fluxo do novo pentecostes da Igreja, daquilo que sucedeu num fim de semana naquela mansão da Arca e a Pomba? É muito difícil dar um número aproximado. Os números são díspares: fala-se de 30, 40, 50, e até de mais de 70 milhões.

Pe. Vicente Borragán Mata, OP

in “Como um Vendaval… O Renovamento Carismático”,ed. Pneuma