A nossa humilde voz eleva-se primeiro para o Espírito Santo, para invocar a sua vinda, conforme a promessa que antes de deixar o cenário do mundo Cristo fez aos apóstolos: “Vem! Vem!”

Foi assim que nós pedimos o espírito de verdade, o Espírito de caridade: agora esta mesma voz que convida e invoca, dirige-se a vós, fiéis e peregrinos que vos reunistes junto do túmulo de São Pedro; a vós homens da terra; melhor, a vós, povos do mundo; ela chama-vos a todos: “Vinde! Vinde!”

Mas vir… aonde?

Ao reencontro com o Deus vivo; vinde à religião que vos coloca realmente em contacto com a Realidade do mundo, com a Verdade da vida, vinde à descoberta da maravilha suprema, vinde à posse da maior fortuna: Deus é amor. Eis o epílogo da revelação, eis a fé que é oferecida à humanidade. Deus é amor; é o Espírito Santo que nos interpela a todos assim.

Cada povo tem a sua vocação, quer dizer que ele pode exprimir a sua humanidade com a sua própria língua, isto é, com o seu próprio génio; mas eles são todos chamados a uma concepção única e orgânica do universo, da história, dos destinos essenciais da nossa existência; eles foram eleitos para construir uma só e verdadeira família, a Igreja única e universal!

Vinde, é o espírito Santo que nos convida a todos à justiça, à fraternidade, à paz! Vinde, exilados da terra, homens que perdestes a esperança. Vinde, vós que sois pobres, que sofreis, vós as vítimas de toda a sociedade construída sem fundamentos de princípios transcendentes! Vinde, filhos ávidos de alegria e de esperança! Vinde, famílias a quem só o amor invencível pode tornar felizes; vinde, idosos e doentes ao dia sem declínio; vinde, alunos e mestres de ciências novas, vinde à lição do alfa e do ómega; todos, vinde todos à civilização do amor, à animação incomparável do Espírito Santo!

Oh que este convite se estenda e se dilate; que ele seja escutado como aquele, profético, de Pedro, no dia retumbante do Pentecostes, como aquele, doce e suave de Maria, Mãe de Cristo, da Igreja e de toda a humanidade. Amen!

Papa Paulo VI
Angelus, 18 de Maio de 1975