A nossa Páscoa será o que for a nossa Quaresma.
Manita Sá da Bandeira, Pneumavita
Estamos na Quaresma, é o tempo para com verdade fazermos um trabalho interior de transformação, de programar o nosso caminho para a Ressurreição…. Pois a nossa Páscoa será o que for a nossa Quaresma.
Olharmos para a nossa realidade, tal como ela é, e deixar a “ideia” que queremos que a nossa realidade seja…. Ideia que, por inúmeras razões, talvez nunca venha a ser a nossa vida …. E nessa ânsia perdemo-nos no caminho…
A nossa vida tem que entrar em processo de crescimento, nós assim como toda a criação. O Universo está em processo constante de criação e nós fazemos parte desse todo, fazemos parte da humanidade pensada e amada por Deus e é integrados nesse todo, mas partindo da nossa realidade, concreta, que temos que seguir o caminho para a glória eterna de Deus.
O mundo está em construção, e nós participamos nessa construção, transformando-nos.
Todos nós estamos em processo, o que por vezes se estraga é o caminho, porque tiramos os olhos do Horizonte
A Quaresma é o tempo que nos é dado para reconhecer onde nos enganamos:
- O que me desvia ?
- O que devo mudar ?
A Páscoa é a passagem da morte á vida, da mentira á verdade… Se tivermos a humildade de aceitar a nossa fragilidade, iremos reconhecer o que podemos mudar, e aceitar com amor o que não podemos mudar.
Assim a Quaresma é uma peregrinação na qual nos propomos encontrar com nós próprios, não é sequer um tempo em que temos que estar tristes, pensando que com grandes sacrifícios e sofrimento nos tornaremos melhores, o sofrimento por si só, não traz merecimento, mas sim o que fazemos por Amor, SACRIFICIO quer dizer “fazer sagrado” e só o AMOR transformará dessa forma as nossas vidas.
O Sacramento da Reconciliação, é a nossa arma para enfrentarmos a tentação, não a confissão com o intuito de ir “despejar o saco”, mas sim no sério reconhecimento do que precisamos para mudar, o que deve ser mudado, e que sozinhos não somos capazes, e é nesse Sacramento vamos buscar a GRAÇA necessária para o fazer.
Jesus retirou-se para o deserto antes de começar a sua Vida pública, ali como Homem enfrentou a tentação, as mesmas que hoje enfrentamos: as carências que queremos ver resolvidas a qualquer preço, a ambição do poder, das riquezas, do prazer, Jesus entendeu que todas essas tentações se dirigiam ao homem, separado da sua essência divina, e que por detrás da sua satisfação imediata se encontrava a morte e não a Vida e assim resistindo, os Anjos vieram e serviram-nO.
Jesus que era Deus, tomou a nossa condição humana para nos ensinar a Vida de verdade, então se trabalharmos esta intimidade com Ele, sem receio, sem auto-comiseração, a pouco e pouco Ele revela-se na nossa vida e poderá ser que cheguemos aquele ponto em que é claro distinguir o que vem de nós, e o que vem do Senhor….
Aceitemos neste tempo de Quaresma, com esperança a nossa fragilidade pedindo a Graça do Discernimento que é a base de toda a vida cristã, ver claramente, não o que é perfeito, mas sim o que é melhor para cada um, e assim poderemos devolver com alegria a Deus Pai os talentos que nos deu e que pusemos sem medo a render, durante a nossa vida neste mundo.
Peçamos ao Senhor, irmãos, que sejamos capazes sair de nós próprios, dos nossos pensamentos sempre em redor do mesmo, dos nossos juízos, dos nossos medos e olharmos para nós com os “olhos de Jesus”, porque o Senhor olha para nós tal como Ele nos pensou, e sabe que estamos em caminho….